“Nós, mulheres, morremos como moscas.” A partir dessa premissa, retirada do livro “Mulheres empilhadas”, de Patrícia Melo, a atriz Marina Stuchi construiu a Performopalestra “Me chame pelo meu nome”, cujo objetivo é colocar em debate a violência de gênero na sociedade contemporânea. A próxima apresentação será nesta sexta-feira, dia 17 de março, às 19h30 no Sesc Cadeião Cultural. A performopaletra também será transmitida ao vivo para todo o Brasil pelo canal de YouTube da atriz: https://www.youtube.com/watch?v=pdgruG8LDhI Durante seu doutorado em Literatura, no qual pesquisou os relatos pessoais no teatro contemporâneo, a atriz/dramaturga estabeleceu diálogo com a dramaturgia de diversas atrizes/dramaturgas e constatou que a temática predominante é a violência sofrida pelas mulheres, desde a simbólica até o feminicídio. Nessa Performopalestra, Marina traz sua pesquisa acadêmica, suas vivências pessoais e relatos recebidos durante as oficinas que ministra, para refletir sobre os diversos tipos de violências que atravessam as mulheres cotidianamente e como estas são banalizadas pela sociedade. “Mulheres vítimas de violências não são números, não são dados de estatísticas. Elas são as filhas, mães, irmãs, amigas de alguém e merecem ser chamadas pelos seus nomes”, pede. Segundo Marina, a sociedade é muito permissiva com a violência contra a mulher, um problema cultural que ela procura apontar no espetáculo. “A última ponta é o feminicídio, quando não há mais o que fazer, mas o feminicídio existe porque existe uma coisa anterior, a violência simbólica. A gente precisa combater o feminicídio? Sim, porque é uma epidemia, é uma das principais causas de mortes de mulheres no Brasil. Mas não adianta combater a ponta do iceberg se a sociedade continua reproduzindo todo um discurso que dá base para o feminicídio”, acrescenta a atriz. A sua intenção é que as mulheres aprendam a reconhecer, se proteger e entender o quanto a violência está enraizada dentro de cada um. “Às vezes a gente nem sabe que está sofrendo violência, não sabe o que está acontecendo porque está tudo naturalizado”. Apesar dessa intenção, Marina também tem como foco os homens. Para ela é muito importante que eles vejam e entendam o quanto reproduzem a violência, o discurso violento, o machismo, mesmo quando acreditam que não são machistas. “Teve homem que assistiu à peça e entendeu o quanto a violência contra a mulher está entranhada e perpassa as relações. Existe um campo de permissividade e isso pode acontecer dentro da própria casa, da própria família.” Como já é tradicional aqui no Blog do Sebo Capricho, pedimos para Marina selecionar 5 livros fundamentais para sua formação feminista. Acompanhe: 1. Mulheres empilhadas - Patricia Melo “Um livro impactante e necessário para pensarmos a questão do feminicidio, da violência contra as mulheres de todas as idades, raças e classes sociais.” 2. Outros jeitos de usar a boca - Rupi Kaur “O livro que me ensinou a gostar de poesia, que me trouxe identificação e me fez acreditar na importância de usar minha voz para poder dialogar com outras mulheres.” 3. O peso do pássaro morto - Aline Bei “Um livro inovador na linguagem, sensível na temática, coloca a questão do estupro e da solidão da mulher de uma forma muito sensível.” 4. Cartas para minha avó - Djamila Ribeiro “Nesse livro, Djamila consegue colocar questões teóricas sobre o feminismo e o racismo de forma poética e envolvente, consegue trazer essas teorias para nosso dia a dia ao criar empatia entre a autora, a leitora e a destinatária das cartas.” 5 - A aventura de contar-se - Margareth Rago “Um livro teórico sobre as escritas de si, sobre as mulheres torturadas durante a ditadura militar no Brasil. Um livro que nos ensina que é sempre necessário lembrar, para nunca esquecer e repetir os erros históricos do passado.”5 livros indicados por Marina Stuchi