Autor de mais de 50 livros, Dalton Trevisan, um dos maiores contistas da literatura brasileira e figura emblemática da cultura paranaense, faleceu na segunda-feira, dia 9 de dezembro de 2024, aos 99 anos. Entre outras realizações, ele foi vencedor dos prêmios Camões, o mais importante da língua portuguesa, e Jabuti. O eterno “Vampiro de Curitiba”, como era conhecido, deixa um legado importante para a literatura brasileira. Com sua escrita econômica e intensa, ele reinventou o conto no Brasil, desenvolvendo com profundidade temas universais como solidão, desejo e violência. Suas histórias, muitas vezes ambientadas em Curitiba, transcendem o regionalismo ao captar as complexidades da condição humana. Ao mesmo tempo, transformou a capital do Paraná em um território mítico, explorando suas ruas e habitantes com um olhar cortante e poético. Trevisan deu voz às classes populares e aos marginalizados, expondo as contradições da sociedade brasileira com um olhar crítico e irônico, sem romantizações. Sua obra permanece atemporal, revelando a força do conto como um gênero capaz de condensar grandes histórias em pequenos fragmentos. Nascido em Curitiba, em 14 de junho de 1925, Dalton Trevisan formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná, mas foi na literatura que encontrou seu verdadeiro caminho. Desde cedo, demonstrou uma obsessão pela palavra precisa, pelo texto enxuto e pela observação minuciosa do comportamento humano. Sua vida pessoal, no entanto, permaneceu envolta em mistério. Recluso e avesso à mídia, Trevisan rejeitou entrevistas, prêmios e qualquer forma de exposição pública. Essa postura alimentou o mito em torno de sua figura, mas também revelou um autor profundamente comprometido com sua arte, que acreditava que a obra deveria falar por si mesma. Para quem deseja conhecer o legado do “Vampiro de Curitiba”, aqui estão algumas de suas principais obras: Esta coletânea de contos revelou ao Brasil a força literária de Dalton Trevisan. Com histórias que exploram os dilemas humanos e os contrastes de Curitiba, o livro é um marco na literatura brasileira. Cada conto é um mergulho em emoções cruas, expostas com brutalidade e lirismo. Um romance curto, quase uma novela, que narra a história de uma jovem e sua relação complexa com um homem mais velho. A prosa de Trevisan é direta e feroz, expondo as fragilidades e contradições de seus personagens. Outro marco de sua obra, este livro traz contos que desnudam o lado sombrio das relações humanas. Aqui, Trevisan explora os limites da moralidade, sempre com uma linguagem afiada e impactante. Coletânea de contos que disseca, com ironia e brutalidade, os conflitos e hipocrisias das relações amorosas. Com sua escrita econômica e incisiva, o autor explora a violência velada, as traições e as desilusões do cotidiano de casais comuns, revelando a fragilidade e os desejos ocultos que permeiam a convivência. O livro é um retrato contundente das complexidades humanas, marcado pelo olhar crítico e pela maestria narrativa de Trevisan. O livro reúne contos que exploram o entrelaçamento fatal entre amor, paixão e morte. Em sua melhor forma artística e estilística, o autor retrata personagens que vivem relações marcadas por intensidade e tragédia, sugerindo uma inevitável danação em seus destinos. Com sua escrita precisa e cortante, Trevisan transforma as complexidades das emoções humanas em histórias de violência e desejo, oferecendo um retrato visceral das contradições do amor e da paixão.Conheça Dalton Trevisan
Obras essenciais de Dalton Trevisan
O Vampiro de Curitiba (1965)
A Polaquinha (1985)
Cemitério de Elefantes (1964)
A Guerra Conjugal - 1969
Crimes de Paixão - 1978