No dia 17 de junho, celebra-se o Dia Mundial de Combate à Desertificação, uma data criada pela ONU para alertar sobre os impactos da degradação ambiental e da seca em diferentes partes do mundo. No Brasil, uma das áreas mais afetadas por esse fenômeno é a Caatinga, uma região de clima semiárido, vegetação única e povo extremamente resiliente, mas ainda pouco valorizada na agenda ambiental e social do país. A desertificação tem consequências diretas sobre a vida das pessoas, forçando migrações, comprometendo a produção de alimentos, afetando a biodiversidade e aumentando a pobreza. A literatura brasileira, especialmente a regionalista, tem desempenhado um papel importante ao revelar essa realidade. Por meio de personagens, paisagens e histórias que se passam no sertão, muitos autores ajudaram a construir um olhar mais profundo sobre a vida em regiões afetadas pela seca. A Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, cobre cerca de 10% do território nacional, principalmente em estados do Nordeste. Apesar de sua aparência árida e vegetação espinhosa, é um ecossistema riquíssimo em espécies adaptadas à escassez de água. No entanto, práticas como o desmatamento, o uso inadequado do solo e as mudanças climáticas têm contribuído para o processo de desertificação da região, um fenômeno que transforma solos produtivos em terras áridas e improdutivas. Para compreender melhor essa realidade e suas consequências, selecionamos cinco livros clássicos da literatura brasileira disponíveis no acervo do Sebo Capricho. Essas obras retratam, com sensibilidade e profundidade, a vida no sertão, os desafios impostos pela seca e a força das pessoas que vivem em meio à Caatinga. Livros para entender a Caatinga: 1 - Vidas Secas – Graciliano Ramos Considerado um dos maiores romances da literatura brasileira, Vidas Secas acompanha uma família de retirantes: Fabiano, Sinhá Vitória, dois filhos sem nome e a cadela Baleia, em sua luta diária contra a fome, a miséria e a brutalidade do sertão. Ambientado no Nordeste seco e árido, o livro dá rosto humano à seca e revela o ciclo de exclusão social e invisibilidade enfrentado por milhões de brasileiros. Com linguagem seca e direta, o autor constrói uma obra atemporal sobre sobrevivência, dignidade e abandono. Mistura de ensaio sociológico, reportagem e crônica histórica, Os Sertões é um estudo monumental sobre a Guerra de Canudos (1896–1897), liderada por Antônio Conselheiro no sertão da Bahia. Dividido em três partes,“A Terra”, “O Homem” e “A Luta”, o livro analisa desde a geografia hostil do semiárido até a cultura e resistência do povo sertanejo. Inspirado na seca de 1915, que marcou profundamente o Ceará, O Quinze narra a história de Conceição, professora de Fortaleza, e Chico Bento, um vaqueiro que tenta salvar sua família da fome e da seca. Ao retratar os impactos do fenômeno climático sobre as vidas humanas, a obra reflete as injustiças sociais enfrentadas pelos sertanejos e destaca, com sensibilidade, a força das mulheres diante das adversidades. Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Publicada em 1928, A Bagaceira é considerada o marco inicial do romance regionalista moderno no Brasil. A obra conta a história de retirantes paraibanos que, expulsos pela seca, se dirigem ao litoral em busca de trabalho e dignidade. O livro revela os contrastes entre o sertão árido e o litoral mais desenvolvido, e critica o descaso das elites em relação à população do interior. Com forte carga realista, José Américo denuncia a estrutura social excludente que ainda marca o país. Nesta obra original, Ariano Suassuna mistura fantasia, história e cultura popular para criar um épico sertanejo repleto de elementos do realismo mágico. Narrado por Quaderna, um personagem excêntrico e encantador, o livro se passa na fictícia São José do Belmonte, no sertão nordestino. Romance da Pedra do Reino celebra as tradições da Caatinga, exaltando sua riqueza simbólica e cultural. Ao mesmo tempo, critica a marginalização dessa região pelo restante do país.Afinal, o que é a Caatinga?
2 - Os Sertões – Euclides da Cunha
3 - O Quinze – Rachel de Queiroz
4 - A Bagaceira – José Américo de Almeida
5 - Romance da Pedra do Reino – Ariano Suassuna